segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Ela também perdeu


Sempre que ela resolvia ir embora,
Eu me pegava pensando em todas as coisas que ia sentir falta nela.
Tudo que estava perdendo.

O carinho,
o jeito de falar,
o companheirismo,
o bom humor,
o ombro amigo,
o abraço apertado,
o colo quentinho.

Sempre que ela desistia
Eu me perguntava se algum dia ia encontrar de novo uma pessoa que me despertaria algo tão bom e tão grande e que fosse tão especial.
Alguém que me completasse tão bem.
E sem querer nem percebia que agia como se o meu saldo fosse sempre mais negativo do que o dela que decidiu ir embora.

Só que não é.
Não é, porque quando ela escolheu ir também abriu mão de tudo o que eu sou. 
Do meu carinho,
do meu jeito de falar,
do meu companheirismo,
do meu bom humor,
das minhas qualidades,
do meu abraço apertado,
do meu beijo de bom dia,
da minha preocupação,
do meu cuidado,
da minha atenção,
da minha risada solta,
da minha forma de deixar a vida mais leve
(ou mais complicada, talvez).
E quando ela abriu mão disso tudo,
ela também perdeu.

É isso que a gente precisa aprender a enxergar quando o fim chega,
quando alguém vai.
Por mais que quando ela saiu,
tenha levado tudo o que ela era,
todas as coisas boas - e ruins - que tinha,
ela também deixou tudo o que eu sou.
E eu sou tanto que se torna impossível acreditar na ideia de que se teve alguém perdendo fui eu.

Faça as contas.
Liste também a sua parte boa.
E depois responda:
O que o outro perde, quando te perde?

Viu só!?
Tem que ser muito louca
- ou medrosa -
pra abrir mão de tudo isso.

Gabriela Freit. /. Adaptado

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